Retrospectiva 2015 INCITI/UFPE

Foto: Rafael Medeiros

Foto: Rafael Medeiros

Em seu terceiro ano de atividades, o INCITI – Pesquisa e Inovação para as Cidades, grupo de pesquisa da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), ingressou em uma nova fase, inserida em seu principal objetivo que é incitar, junto com os diversos setores da sociedade, novos conhecimentos capazes de transformar de forma sustentável a vida nas cidades. O grupo encerra 2015 com dois projetos em andamento: o Parque Capibaribe, parceria com a Prefeitura do Recife (PCR), e o Cidades Sensitivas, desdobramento do programa piloto concluído em outubro, LabCEUs – Laboratórios de Cidades Sensitivas, ambos frutos de parceria com o Ministério da Cultura (MinC). Por meio do Cidades Sensitivas, o INCITI também promoveu, em novembro deste ano, a conferência Urban Thinkers Campus Recife, parte de uma campanha mundial da ONU-Habitat. O grupo ganhou ainda nova identidade visual e plano de comunicação, que inclui um novo site, esse blog, e páginas nas redes sociais (Facebook, Youtube, Instagram, Twitter).

Como missão, o grupo de pesquisa deseja catalisar conhecimentos e conceber soluções colaborativas para constituir cidades inclusivas, sustentáveis e felizes. Esse processo de incentivo se dá por via multidisciplinar, com a reunião de mais de 60 pesquisadores, entre docentes, discentes de graduação e pós-graduação e profissionais das mais diversas áreas, em prol do pensamento inovador, e da difusão e aplicação prática do conhecimento adquirido pelas vias da pesquisa. São muitas as áreas de onde vêm os membros da nossa equipe: arquitetura e urbanismo, planejamento urbano, sociologia, psicologia, tecnologia da informação, recursos hídricos, economia, comunicação, biologia, gestão ambiental, direito urbano, estatística, engenharia, administração, produção cultural, tecnologia, design, artes visuais. O grupo também conta com apoio de grupos internacionais da Inglaterra, da Espanha e da Alemanha. Também colaboram, por meio de parcerias e consultorias, segmentos da sociedade civil organizada, órgãos públicos, além de pequenos, médios e grandes empreendedores.

Confira os destaques da nossa linha do tempo:

PARQUE CAPIBARIBE

Projeção do projeto para a área do Baobá Fonte: Parque Capibaribe/INCITI

Projeção do projeto para a área do Baobá Fonte: Parque Capibaribe/INCITI

Convênio da UFPE, através do INCITI, com a Prefeitura do Recife, por meio da Secretaria de Meio Ambiente e Sustentabilidade, o Parque Capibaribe objetiva restituir a natureza aquacêntrica da cidade ao humanizar as margens do Rio Capibaribe, integrando o rio com espaços verdes novos e existentes. O projeto busca o envolvimento de 35 bairros que margeiam o Rio, redesenhando ruas e articulando diversos meios de transporte: motorizados, pedestres, bicicletas e barcos. O Parque Capibaribe busca inspiração no conceito de urbanismo emergente, que reforça o papel de iniciativas cidadãs de menor escala visando à melhoria do entorno urbano.

Iniciado em setembro de 2013, o projeto tem concepção a longo prazo e prevê intervenções que começam agora e vão até 2037, ano em que o Recife completa 500 anos. Em 2015, o Parque Capibaribe iniciou uma segunda fase de seu convênio, cujo foco está na continuação dos produtos desenvolvidos durante a primeira fase, aumentando o trecho do projeto básico e realizando projetos executivos para áreas pré-determinadas, iniciando a implementação concreta destes projetos.

Em maio de 2015, o projeto do Parque Capibaribe na área da beira-rio das Graças foi discutido por moradores da região com o prefeito Geraldo Julio, e, em junho, foi apresentado a mais habitantes do bairro. Após a contemplação das demandas discutidas nessas reuniões, resultados da consulta pública feita online, e alterações percebidas ao longo das inúmeras pesquisas desenvolvidas pelo INCITI/UFPE, o projeto das Graças se encontra na fase de finalização para entrega à PCR. Outro trecho de interesse nessa segunda fase do Parque Capibaribe é o Baobá próximo à Ponte D’Uchoa, que nesse ano se viu livre de um muro que o ladeava e está pronto para sombrear uma área de convivência urbana, como demonstrou o evento Praias do Baobá, do coletivo Praias do Capibaribe.

Ao longo do ano, o Parque Capibaribe foi apresentando em eventos como a Conferência do Clima em Paris – COP 21, após ser selecionado pelo ICLEI (sigla em inglês para Governos Locais pela Sustentabilidade) para o Pavilhão das Cidades e Regiões. Também marcou presença na versão pernambucana da Campus Party, com um tour virtual do projeto, e na exposição Capibaribe Meu Rio, no Museu da Cidade do Recife, com um vídeo documentário sobre seu processo de construção. Em março, o projeto do Parque lançou o livro Capibaribe Vivo, reunindo poetas locais e nacionais que escreveram sobre o rio Capibaribe. Entre maio e junho, realizou uma parceria com a universidade americana Massachusetts Institute of Technology (MIT), recebendo um estagiário para um mês de imersão.

LabCEUs – Laboratórios de Cidades Sensitivas

OcupacaoLabCEUs

O programa LabCEUs, realizado pelo INCITI/UFPE por meio de parceria com a Secretaria de Politicas Culturais do Ministério da Cultura (SPC/MinC), teve início em em outubro de 2014 e teve como principal missão a promoção da cidadania por meio de interações sociais e tecnológicas para ativar espaços de criatividade cidadã e produção colaborativa. A proposta foi oferecer aos cidadãos repertórios e caminhos para alterar a realidade local, a partir de 30 ocupações nos laboratórios de 10 Centros de Artes e Esportes Unificados (CEUs), em diferentes cidades brasileiras, com o objetivo de intensificar a conexão do espaço com seu entorno, através de apropriações críticas de tecnologias sociais.

Em 2015, os seguintes municípios foram contemplados para receberem ocupações, selecionadas através de duas chamadas públicas: São Félix do Xingu (PA), da Região Norte; Horizonte (CE), Petrolina (PE) e Luís Eduardo Magalhães (BA), da Região Nordeste; Águas Lindas de Goiás (GO), da Região Centro-Oeste; Colatina (ES), Sete Lagoas (MG) e Sertãozinho (SP), do Sudeste; Campo Largo (PR) e Erechim (RS), da Região Sul. Conheça alguns resultados.

As chamadas públicas aproximaram ideias e projetos que traziam em si metodologias de laboratórios cidadãos de investigação e difusão de projetos culturais com objetivo de articular diferentes formas de aprendizagens colaborativas e em rede. Entre os bolsistas estavam makers (fazedores), midialivristas, comunicadores, cientistas sociais, engenheiros, urbanistas, pedagogos, entre outros.

Por meio do estímulo à apropriação das plataformas de comunicação do projeto, os participantes do LabCEUs produziram um expressivo material reflexivo acerca das pesquisas e experimentações conduzidas nos laboratórios. Seja no grupo de mensagens rápidas (Telegram) ou por meio do blog das ocupações, este material serviu de insumo para a elaboração de artigos mais analíticos acerca das ações desenvolvidas, como As Cidades, Entre Nós Sensitivos, e Espaço Território e Inovação Tecnológica nos CEUs

O programa piloto concluiu suas atividades em dezembro de 2015, e como principal destaque desta experiência acumulada ao longo dos doze meses de ativação dos laboratórios, podemos citar a metodologia de trabalho em rede, tanto desempenhada junto à equipe de implementação LabCEUs, quanto pela seleção e acompanhamento dos ocupadores, e ainda dela articulação junto aos CEUs, aos municípios e aos bolsistas locais.

CIDADES SENSITIVAS

cancao9

Também promovido por meio de parceria com a SPC/MinC, o programa Cidades Sensitivas foi lançado em outubro de 2015, para desenvolver uma série de ações direcionadas a fornecer subsídios teóricos e práticos para a discussão do espaço público como lugar de expressão, de reconhecimento de dinâmicas sociais – especialmente as historicamente excluídas, de debate sobre as cidades enquanto espaço potente para experimentação de políticas públicas. O programa surge como desdobramento do programa piloto LabCEUs – Laboratórios de Cidades Sensitivas, buscando ampliar a pesquisa sobre o envolvimento das pessoas com os espaços urbanos, a partir do uso de tecnologias abertas.

Após a apresentação do projeto em São Paulo, no Seminário Cultura e Pensamento, que teve como pauta Cultura e Cidade, foi lançada uma consulta pública do programa, com o objetivo de coletar sugestões da sociedade para a elaboração do edital de seleção de 40 ocupações culturais a serem realizadas nos espaços urbanos. Os interessados em colaborar nesta construção podem acessar o http://culturadigital.br/cidadesensitiva, e deixar sugestões e observações até o dia 24 de janeiro de 2015. Para colaborar, você precisa se registrar no CulturaDigital.BR.

Por meio do programa Cidades Sensitivas também serão promovidas três conferências para apresentação de experiências, proposições de ideias e métodos, encontros de plataformas, pesquisadores, redes e iniciativas culturais e urbanas. Um deles foi o Urban Thinkers Campus Recife, realizado entre 24 a 27 de novembro de 2015.

URBAN THINKERS CAMPUS RECIFE – UTC RECIFE

Mão na massa pra deixar tudo no lugar. Foto: João Morais

Mão na massa pra deixar tudo no lugar. Foto: João Morais

Com o mote ‘A Cidade Que Precisamos’ (The City We Need), o Urban Thinkers Campus (UTC) é uma iniciativa da ONU-Habitat com parceiros locais que visa ampliar o debate sobre a ‘Nova Agenda Urbana’, documento com recomendações e princípios para guiar a elaboração das políticas públicas para as cidades até 2030, que será finalizado e assinado em outubro de 2016, na Habitat III, Conferência da ONU sobre Moradia e Desenvolvimento Urbano Sustentável que acontecerá em Quito, no Equador. A assembleia acontece a cada 20 anos, com a participação de todos os estados ­membros da ONU. Os encontros anteriores foram realizados em 1976 e 1996.

Foram 28 Urban Thinkers Campus promovidos pela ONU-Habitat – Programa das Nações Unidas para Assentamentos Humanos como etapa preliminar da Habitat III. No Brasil, o Urban Thinkers Campus foi realizado pelo INCITI, com o tema Cidades Inclusivas: jovens e tecnologias abertas no espaço urbano. O encontro teve patrocínio do Ministério da Cultura, por meio do programa Cidades Sensitivas, e da Prefeitura do Recife.

Foto: Zaca Arruda

Foto: Zaca Arruda

Entre 24 e 27 de novembro, acadêmicos, educadores, ativistas, gestores públicos, hackers, representantes da sociedade civil organizada e líderes da juventude estiveram reunidos no Bairro do Recife para compartilhar soluções inspiradoras para a inclusão social e criar uma narrativa urbana ligada às tecnologias abertas com foco nas cidades como territórios inclusivos. Houve três eixos norteadores: a Cultura, as Tecnologia Abertas e o Espaço Urbanos. Ao final do processo, os pensadores urbanos redigiram um documento em torno de nove eixos temáticos estabelecidos pela ONU e que será levado ao Habitat III para compor a Nova Agenda Urbana.

Além dos paineis inspiradores e sessões para reflexão e redação do documento, o UTC Recife foi composto de debate urbano “mão na massa”, a partir dos Urban Labs, laboratórios urbanos que ocuparam a Rua Domingos José Martins – “rua de trás’ – durante os dias de evento, com debates, projetos culturais e apresentações musicais que aconteceram no Som na Rural.

Parte do UTC Recife, o Urban Jam consistiu na ocupação da Rua Domingos José Martins durante todo o encontro, com debates, protestos, apresentações musicais, instalações artísticas e outras atividades, envolvendo os participantes e moradores da rua e da cidade.

Parte do UTC Recife, o Urban Jam consistiu na ocupação da Rua Domingos José Martins durante todo o encontro, com debates, protestos, apresentações musicais, instalações artísticas e outras atividades, envolvendo os participantes e moradores da rua e da cidade.

No período pré-evento, workshops e debates aqueceram a pauta para o UTC Recife. Foram três workshops: o Workshop Urban Labs, em parceria com a Fundação Joaquim Nabuco – Arte Contemporânea e o Consulado Geral da França em Recife; o Workshop Paisagem Urgente, em parceria com o Laboratório da Paisagem do Departamento de Arquitetura e Urbanismo (DAU) da UFPE; e o Workshop de Realidade Virtual, em parceria com o Studio Z7, com apoio da Voxar Labs. Também aconteceram na sede do INCITI duas Urban Jams, mesas de debate sobre Vigilância, Tecnopolítica e Território e a Cidade Como espaço de Aprendizagem.

O UTC Recife teve cobertura intensa em nossas redes, com transmissão ao vivo realizada em parceria com a Aeso – Faculdades Integradas Barros Melo, e disponível em nosso canal do Youtube, e diversas reportagens nesse blog, feitas numa parceria com o curso de Jornalismo da Universidade Católica de Pernambuco (Unicap). A Aeso também foi parceira na cobertura fotográfica, em que alunos do curso de Fotografia da faculdade atualizaram o Flickr do INCITI durante os dias de evento.

Mais: utc.inciti.org.