#TransformoCidades: A Lua do cais

UntitledPor Leonardo Cunha

“Eu posso falar contigo, espera só um pouquinho, porque eu acabei de acordar”. Foi o que me respondeu uma moça descabelada e simpática assim que cheguei ao Cais José Estelita. Assim conheci Luane Muliterno (posteriormente descobri que ela gosta de ser chamada de Lua).

Lua escolheu uma clareira perto dos trilhos antigos que cortam o terreno e arranjou duas cadeiras velhas. “Você quer essa cadeira de madeira ou a outra?” – e sem esperar minha resposta, decidiu – “Você é visita, fica com essa aqui que é acolchoada”.

Lua participa ativamente do movimento por amar o Recife. Ela tem uma relação diferente com a cidade, não apenas morando, e sim vivendo-a. Pergunto por que ela estava participando do Movimento Ocupe Estelita. “Por que não participar? Temos aqui a chance de mudar o rumo da cidade do Recife, e de um dos cartões postais mais famosos do Brasil”.

Com sua bicicleta, pedala por toda ponte, rua, mercado e viaduto, quase nunca andando de ônibus ou carro. Sua simplicidade destoa em meio ao caos e à correria da metrópole. No futuro, ela pretende cursar agroecologia. “Sempre me preocupei com a questão do meio ambiente”, contou, rindo.

Assim, foi ficando tarde, a lua no céu começou a aparecer e eu tive que me despedir da Lua na terra. Devolvi a cadeira da mãe dela, agradeci a ótima conversa e fui embora.