Sociedade civil se prepara para discutir a mobilidade do Recife

A mobilização da sociedade civil para discutir o Plano de Mobilidade do Recife resultou na realização da Conferência Livre de Mobilidade do Recife (Colmob.re), que acontecerá nos dias 8 e 9 de julho, na Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE). Para se preparar pra esse debate, estão acontecendo na sede do INCITI/UFPE, no Bairro do Recife, até quinta-feira (7), oficinas preparatórias para o encontro.

A primeira oficina aconteceu nesta terça, 5 de julho, e foi conduzida pela analista de projetos do Instituto de Energia e Meio Ambiente (IEMA-SP), Hellem Miranda, que apresentou a pesquisa Diagnóstico de Mobilidade do Recife, desenvolvida há um ano na capital pernambucana pelo arquiteto e urbanista Pedro Guedes.

A pesquisa mostra a concentração de empregos, especialmente no Centro expandido do Recife, o que gera uma sobrecarga no sistema de transporte em razão dos grandes deslocamentos diários. Enquanto isso, nas áreas de maior densidade populacional há poucas oportunidades. “A gente não pode olhar o problema só por um lado. O problema da mobilidade também é de distribuição de emprego. Essa separação de usos do solo também cria problemas. Por exemplo, nas áreas onde tem concentração de empregos e escassez de moradia, gera-se uma insegurança, as ruas são escuras, vazias”, destacou Hellem.

Diagnóstico sobre mobilidade do Recife considera vários aspectos do funcionamento da cidade. Foto: Maíra Acioli

Diagnóstico sobre mobilidade do Recife considera vários aspectos do funcionamento da cidade. Foto: Maíra Acioli

Hellen criticou os métodos atualmente utilizados para o planejamento de transportes no Brasil: “O planejamento é sempre focado nos modos motorizados e na infraestrutura. Toda a bibliografia de transportes se preocupa em garantir fluidez ao trânsito, só que não dá pra ficar pensando só nisso, as pessoas e os bens andam pela cidade. Então aqui a gente se preocupou em olhar a mobilidade das pessoas, o modo de deslocamento, origem e destino, fazendo uma relação com o uso do solo”.

Um dos pontos mencionados pela oficineira quanto às barreiras encontradas na realização da pesquisa foi a ausência de dados disponíveis e atualizados sobre mobilidade e transporte público da cidade. “A última pesquisa domiciliar do Recife é de 1997, é tão antigo que não é mais representativo. Muita coisa mudou, não dá pra usar isso em planejamento”, comentou.

A preparação para a Conferência Livre de Mobilidade do Recife continua nesta quarta-feira, 6 de julho, a partir das 18h30, com o tema Mobilidade e Direito à Cidade, que será apresentada por Sabrina Machry, pesquisadora do INCITI/UFPE, e por Leonardo Cisneiros, do coletivo Direitos Urbanos. Já na quinta (07), o encontro será sobre Segurança e Violência no Trânsito, conduzida pela Ameciclo e Frente de Lutas pelo Transporte Público. Inscreva-se: bit.ly/OficinasColmob.

Colmob.re – Diferente das conferências livres que normalmente são puxadas pela realização de uma assembleia oficial, promovida pelo poder público, esta foi mobilizada pela sociedade civil organizada, no intuito de fortalecer os laços entre os coletivos e associações por uma mobilidade democrática. “A ideia é promover o diálogo entre os movimentos sociais, para levantarmos indicativos de uma construção de política pública popular e podermos cobrar dos gestores uma política efetiva”, explica Camila Fernandes, da rede de mobilização Meu Recife.

Participam da Conferência as entidades ActionAid Brasil, Ameciclo – Associação Metropolitana de Ciclistas do Grande Recife, ANTUERF, Centro Vivo, Cicloação, Clube de Engenharia, Coletivo Urbes, FASE, FLTP – Frente de Luta pelo Transporte Público, Grupo Direitos Urbanos, Movimento Recife Acessível, ODR – Observatório do Recife, Pedala Rural, Plataforma Democracia Real e Rede Meu Recife.

Mais informações: http://www.colmob.re.